A Novonor, que controla a Braskem, confirmou que firmou um acordo de exclusividade para discutir uma proposta não vinculante com um fundo gerido pelo empresário.
Uma proposta de aquisição da Braskem (BRKM5) pelo empresário Nelson Tanure gerou otimismo no mercado em relação às ações da petroquímica, mas o BTG Pactual adota uma abordagem cautelosa em relação a esse negócio.
Em um relatório divulgado nesta segunda-feira (26), o banco destaca que a negociação pode sinalizar um novo capítulo na história de controle da Braskem, mas prefere adotar uma postura prudente até que haja mais clareza sobre a situação.
“O timing da oferta também levanta questionamentos — com as ações próximas de suas mínimas cíclicas, pressionadas por fundamentos frágeis do setor e passivos antigos em Alagoas. A proposta pode não ser o ponto de saída ideal para a Novonor ou seus credores”, afirmam os analistas Luiz Carvalho e Henrique Pérez.
Dessa forma, a instituição mantém sua recomendação neutra para as ações da Braskem, estabelecendo o preço-alvo para dezembro em R$ 14.
Apesar do alerta, as ações da Braskem estão entre as que mais se valorizam no Ibovespa (IBOV) hoje. Por volta das 13h26, os papéis registravam uma alta de 8,21%, sendo negociados a R$ 12. No total do ano, a petroquímica apresenta um crescimento de 3,71%.
Entenda as negociações entre a Braskem e Tanure
A Novonor, que é a controladora da Braskem, confirmou na última sexta-feira (23) que firmou um acordo de exclusividade para discutir uma proposta não vinculante feita pelo fundo Petroquímica Verde FIP, sob a gestão do empresário Nelson Tanure.
A proposta visa a aquisição da NSP Investimentos, a holding pela qual a Novonor exerce controle indireto sobre a Braskem.
Se a negociação for bem-sucedida, Tanure poderá obter o controle indireto da Braskem, uma das principais petroquímicas da América Latina. No entanto, a proposta ainda está sujeita a auditorias e a várias condições essenciais.
Dentre os principais desafios para a conclusão do negócio, destacam-se:
Acordo com a Petrobras: A transação precisa estar em conformidade com os termos do atual acordo de acionistas da Braskem com a estatal, que possui uma participação significativa na empresa. Não está claro se a Petrobras aceitaria Tanure como novo parceiro no bloco de controle.
Renegociação de dívidas: Os credores que detêm mais de R$ 15 bilhões em empréstimos garantidos por ações da Braskem também precisam aprovar os termos da transação. Essa aprovação será fundamental para a viabilidade do negócio.
Incertezas para os investidores: De acordo com o BTG, a proposta despertou interesse no mercado, mas também levanta duas questões importantes.
A primeira é que, se Tanure apenas se integrar ao acordo de acionistas sem uma mudança formal no controle, o direito de tag along (direito de venda) pode não ser ativado. Isso poderia desapontar os investidores que esperam uma oportunidade de venda com um prêmio em uma possível troca de controle.
A segunda questão diz respeito ao impacto operacional, que ainda é incerto. Mesmo que a transação prossiga, não há garantias de que haverá melhorias na governança ou no desempenho operacional da Braskem.
Dessa forma, a empresa permanece vulnerável à volatilidade dos spreads globais de petroquímicos e ao ônus de uma matriz de insumos que depende da nafta, que é mais cara e menos competitiva.